terça-feira, 13 de outubro de 2009

Porque se não escrevo, há poesia no corpo, todos os meus gestos nesse movimento pra ele, o meu outro. Porque enquanto não escrevo, eu experimento cada centímetro daquela pele, cada variação da temperatura daquele abraço, e o cheiro dele impregnando meu dia, a saudade me deixando em estado de espera pra daqui a pouco, quando nunca é tarde. E a certeza de acordar ao lado, e um projeto de vida sendo concretizado.
Porque quando não escrevo, ele é minha paisagem. E é tão real e tão palpável que meus dedos só passeiam por caminhos contornáveis. E as palavras fogem de mim, as palavras trazem pra mim um corpo, um sopro, um torpor, e o calor que há em tudo que nos dizemos apaixonadamente encostados na imensa pedra que ele acaricia enquanto agradecemos ao Universo por ser tão de noite e sempre parecer que ainda é dia.
Porque se não escrevo não é porque me falta um drama, é porque me falta tempo pra viver tanta poesia.

| Marla de Queiroz

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