sexta-feira, 19 de julho de 2013

Viver anda um saco

Algum dia eu já desejei o suicídio, confesso. Num dia não muito distante, aliás. Daí que a tentativa falha (por medo da dor ou por qualquer apego ao que ainda pode ser) resultou em umas semanas de paz. "É melhor viver", disse qualquer coisa em mim. Ninguém percebeu, quer dizer, quase ninguém - só você, que ouviu as lamúrias e os choros, que me consolou e me chamou de boba; e tudo isso ainda me faz me perguntar como não entender porque te quero tanto. 
Enfim, depois da fase suicida veio um otimismo estranho que também nunca entendi bem. Mas até que eu gostaria de continuar vivendo aquela ilusão.
A grande questão é que entre a oscilação dos sorrisos e dos desesperos há uma interrogação vital nos meus dias. Algo que diz: “Odeio minha vida como ela está agora, mas não tenho a fucking noção de como mudar nada". E vem um dia depois do outro, e segue o desespero de preciso de amigospreciso ter coisas novas para fazer. E parece que tudo se comprime em uma impossibilidade de mudar.
Não é só inércia, é quase que desconhecimento. Às vezes acho que preciso de um psicólogo, mas no geral penso que preciso de novos amigos. Mas como fazer quando todo mundo à sua volta parece tão diferente e desconexo de você e do que você acredita e deseja? Ando doentiamente rotulando pessoas nesses últimos meses: “Você gosta disso e eu odeio”, “Você faz isso, não gosto”; “Você não tem nada a ver comigo”; “Ui, você é um saco”; “Você é drogado, louco e prostituído e eu sou careta”; “Você é certo demais, e eu acho isso um tédio”.
Sei que é bobagem, afinal, a maioria das relações reais de nossas vidas costuma nascer de situações sociais forçadas. Não creio que as amizades reais passem por seleções do tipo, but… Na minha vida não existe mais aula, não sei desenvolver um círculo social por minha conta e me tornei uma pessoa de preconceitos estranhos. Coloco mil poréns mentais para cada relacionamento que possa surgir na minha vida, teóricos ou não.
Sinto quase que pena de mim mesma quando me percebo avaliando as pessoas. É até triste olhar pela janela do ônibus e pensar “Olha que pessoa que parece legal" e me destrói aquela vontade ingênua - mas latente - de ir perguntar “Oi, você quer ser minha amiga?". 
E daí que eu comecei a escrever esse texto só pra dizer: não existe mesmo um tipo de stand bypra vida? Ou, ao menos, um fast-forward (mas para que ponto desse filme?!)? É que morrer nesse momento parece uma pena, visto que um pedaço de mim diz que ainda quer passar por muita coisa; mas viver anda um saco absurdo. 

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